Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha é celebrado com atos de resistência

26 de Julho, 2021 AVM Advogados
Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha é celebrado com atos de resistência

Conforme publicamos recentemente em artigo sobre a precarização dos direitos trabalhistas a partir da reforma, metade dos trabalhadores por conta própria ganha menos de mil reais mensais e na base da pirâmide encontram-se as mulheres negras.

No terrível cenário que o governo exaltava como empreendedorismo, as mulheres negras que trabalham por conta própria são as que ganham menos, jogadas à própria sorte pelo desemprego e a retirada de direitos trabalhistas, com vencimentos menores do que o salário mínimo.

A luta pelo direito destas mulheres não pode cessar e urge falarmos e escancararmos esta verdadeira barbárie promovida por um governo que, claramente desrespeita as minorias, tendo a misoginia e o preconceito racial já muito verbalizados pelo chefe do executivo.

Assim, nos unimos e jogamos luz aos movimentos de resistência celebrados ontem, no dia 25 de julho, Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, instituído no Brasil em 2014, no governo de Dilma Rousseff, homenageando Tereza de Benguela, uma das lideranças na luta contra a escravização.

A data foi celebrada neste domingo com marcha virtual, caminhada, debates e intervenções artísticas.

São Paulo

Em São Paulo, o dia foi comemorado com uma marcha virtual por causa da pandemia. O evento foi exibido no canal oficial do YouTube da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo, com discussões, projeções, exibição de documentário e intervenção artístico-cultural.

Durante a atividade, diversas ativistas leram um manifesto evocando a famosa frase de Conceição Evaristo: “Eles combinaram de nos matar. E nós combinamos de não morrer.”

No manifesto, mulheres negras de SP pedem por "vacina, moradia, comida, emprego e demarcação de terras quilombolas e indígenas". E afirmam: "Nem fome, nem tiro, nem Covid."

Rio de Janeiro

Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ), um mural dedicado a mulheres negras foi reinaugurado neste domingo (25), depois de ter passado por uma restauração por causa de atos de vandalismo.

O muro, construído há pouco mais de um mês, teve o rosto das mulheres homenageadas pintado com tinta branca no dia 18 de julho.

O evento deste domingo aconteceu no Viaduto do Centenário, onde fica o memorial, e contou a presença de algumas homenageadas, como as ativistas pelos direitos humanos, Rose Cipriano, Silvia Mendonça e Fátima Monteiro.

"A reconstrução do memorial é nossa amostra de que iremos resistir quantas vezes formos provocados e sofrermos atos como esses. Ninguém apagará a memória da resistência", afirma Rayssa Pereira, integrante da IDMJR.

Pará

Já em Santarém, no Pará, aconteceu às 16h a 1ª Caminhada alusiva ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha.

O ato marchou contra o preconceito e em busca da valorização da identidade cultural e igualdade entre gênero, um grupo de mulheres negras e descendentes de quilombolas.

A iniciativa é da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (Arqmo) e do grupo Dandaras.

"Pretendemos sensibilizar a sociedade e representantes do poder público para a necessidade da assegurar e garantir o direito a igualdade de gênero, valorização humana e da identidade, além de lutar contra o racismo e preconceito", ressaltou Claudinete Colé, diretora administrativa da Arqmo.

Minas Gerais

Já em Juiz de Fora, as homenagens serão marcadas por uma semana de debate que começa na nesta segunda-feira (26). A "Semana das Pretas" terá o objetivo de colaborar para ampliar as discussões sobre o lugar da mulher negra ao longo da história e na atualidade.

A iniciativa da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), em parceria com a Fundação Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), conta com oficinas, publicações especiais e podcast abordando o tema. A programação vai até a próxima sexta (30).

“A luta das mulheres negras, cada qual no seu tempo, é de valor imensurável pela luta da igualdade racial no Brasil e no mundo", afirmou a secretária executiva do Conselho de Políticas para Igualdade Racial da SEDH, Sandra Maria de Jesus.

"Temos as referências que são a Tereza de Benguela e Cirene Candanda, que lutaram pela igualdade racial e entre todas as pessoas. Diante de toda essa representatividade, precisamos dar continuidade a esta luta tão importante".

Sobre o 25 de julho

Em 1992 um grupo de mulheres iniciou uma mobilização pela criação da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas, juntamente à Organização das Nações Unidas (ONU), e conseguiram que o dia 25 de julho fosse reconhecido como o Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha.

No Brasil, o reconhecimento ocorreu em junho de 2014, por meio de legislação, no Governo Dilma Rousseff.

Fonte: G1 e Assessoria AVM Advogados

Foto: Unplash

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