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O trabalho, a fragilização do sistema e o sofrimento durante a pandemia

19 de jun, 2020 AVM Advogados

O que vai restar após a pandemia de coronavírus? Não é possível prever, mas podemos refletir sobre o nosso esgotamento físico e mental, imposto por uma ideologia gerencial na qual devemos estar constantemente correndo, nos aprimorando e produzindo. Podemos, contudo, aproveitar o período para olhar as dificuldades enfrentadas sob uma nova perspectiva, conscientes da necessidade de autocuidado, bem como de manutenção de laços sociais saudáveis e de atividades que possuam sentido para nós. Tal atenção é fundamental, uma vez que o corpo é diretamente agredido pelo isolamento obrigatório e pelo distanciamento social, como reflete o filósofo italiano Franco "Bifo" Berardi.

Ao assistir ao filme Você Não Estava Aqui?, de Ken Loach, que retrata a falta de assistência aos trabalhadores informais que fazem entregas, o pensador concluiu que a ansiedade, o desespero, a agressividade e a frustração são "um fardo da miséria psíquica que o modo de vida neoliberal provocou e de que nunca seremos capazes de nos libertar".

O autor analisa que o ritmo alucinado de trabalho, as vivências e as relações cultivadas nas últimas décadas mostram-se, em muitos cenários, intoleráveis, sendo mantidas com grave prejuízo à saúde dos trabalhadores. A nossa incapacidade de perceber outras formas de viver e significar as relações de trabalho foi estremecida pela pandemia da Covid-19 que, ao irromper, explicitou e acentuou situações de precarização, em que os limites do corpo para uma existência saudável não são respeitados.

Ainda que o isolamento social tenha instituído rotinas e ritmos diferentes à maioria das pessoas, muitas foram obrigadas a continuar trabalhando e cada vez mais rápido.

Na avaliação do pensador italiano, as relações de trabalho têm passado por uma precarização perigosa. Renegociações feitas devido à pandemia podem ir além dos momentos de exceção e instituir a naturalização desta fragilização.

Essas questões são debatidas pelo escritório AVM Advogados, no 3º episódio mini série Teletrabalho: Impactos socioafetivos e na saúde do trabalhador. O Dr. Antônio Vicente Martins, sócio do AVM Advogados, e a Dra. Julise Lemonje, advogada associada do escritório e psicóloga, conversam sobre quais são as implicações do teletrabalho, do ponto de vista coletivo, de fragilização para os trabalhadores, considerando o isolamento social e o isolamento físico.

Assista ao episódio:

Fonte: AVM Advogados, com informações BBC Brasil